Estátua budista tibetana: Meteorito, sim. Antiga, não
A descoberta era sensacional: Uma estátua budista, com alegados 1.000 anos de idade, recolhida pelos nazistas no Tibete, e esculpida em um pedaço de meteorito. Agora, no entanto, parece que apenas o último detalhe é verdadeiro. O trabalho é provavelmente uma falsificação produzida durante o século 20.
A história rapidamente deu a volta ao mundo no final de setembro. Uma estátua budista, alegadamente recolhida pelos nazistas durante uma expedição no final de 1930 no Tibete, tinha sido esculpida em um meteorito.
Conhecida como o "Homem de Ferro", a figura com 24 centímetros de altura com uma suástica no peito teria 1.000 anos de idade. Os pesquisadores escreveram no relatório de 27 de setembro que o proprietário anterior da estátua afirmava que ela foi levada para a Alemanha pela expedição liderada pelo etnólogo da SS Ernst Schäfer.
Muitos especialistas, no entanto, começaram a duvidar da versão dos acontecimentos. Por um lado, muitos elementos da escultura não eram consistentes com estátuas budistas criadas há um milênio atrás.
Além disso, Schäfer fez uma lista precisa. Enquanto muitos dos objetos que ele trouxe foram perdidos, na sua lista de mais de 2.000 itens coletados não aparecia o "Homem de Ferro". Na verdade, há indícios crescentes de que poderia ser uma falsificação.
Achim Bayer da Dongguk University em Seul e escreveu uma análise mordaz da estátua para o Centro de Estudos Budistas da Universidade de Hamburgo, disponível em Inglês, na qual aponta vários indícios de que a estátua foi provavelmente produzida na Europa em algum momento entre 1910 e 1970.
Ele escreve que várias das características da estátua, incluindo seus "sapatos europeus", a posição das mãos, a calça que está vestindo, e a barba cheia esculpida em seu queixo, em vez da barba geralmente colocada em uma divindade na arte tibetana e mongol, testemunham a sua origem recente. No total, Bayer listou 13 inconsistências que são facilmente identificáveis pelos especialistas como "pseudo-tibetano".
A proveniência asiática da estátua não é o único aspecto da história que tem sido questionado. Em setembro, o homem que lidera uma equipe de pesquisadores alemães e austríacos, da Universidade de Stuttgart, o geólogo Elmar Buchner, disse que o seu proprietário anterior alegou que tinha sido trazida para a Europa no final de 1930 por Ernst Schäfer, um etnólogo nazista que liderou uma expedição da SS ao Tibete.
Mas o historiador alemão Isrun Engelhardt, que estudou a viagem de Schäfer ao Tibete em profundidade, lançou dúvidas sobre essa sugestão, questionando a ausência da estátua na longa lista de itens trazidos de volta. "Há uma lista extremamente precisa dos objetos adquiridos, incluindo a data, local e valor", disse à Spiegel.
Buchner diz que ele não tinha nenhuma razão para duvidar da história do proprietário anterior, e sublinha que a sua equipe estava apenas olhando para o material esculpido - uma forma rara de ferro com alto teor de níquel - não para a sua origem.
Os pesquisadores foram capazes de dizer que o material provavelmente veio do meteorito Chinga, que caiu na Terra há 15.000 anos, mas admitiram que "os detalhes etnológicos e históricos da arte ... assim como o tempo da escultura, atualmente permanecem especulativos".
Tradução: Carlos de Castro
Fonte: Spiegel Online
Ele escreve que várias das características da estátua, incluindo seus "sapatos europeus", a posição das mãos, a calça que está vestindo, e a barba cheia esculpida em seu queixo, em vez da barba geralmente colocada em uma divindade na arte tibetana e mongol, testemunham a sua origem recente. No total, Bayer listou 13 inconsistências que são facilmente identificáveis pelos especialistas como "pseudo-tibetano".
A proveniência asiática da estátua não é o único aspecto da história que tem sido questionado. Em setembro, o homem que lidera uma equipe de pesquisadores alemães e austríacos, da Universidade de Stuttgart, o geólogo Elmar Buchner, disse que o seu proprietário anterior alegou que tinha sido trazida para a Europa no final de 1930 por Ernst Schäfer, um etnólogo nazista que liderou uma expedição da SS ao Tibete.
Mas o historiador alemão Isrun Engelhardt, que estudou a viagem de Schäfer ao Tibete em profundidade, lançou dúvidas sobre essa sugestão, questionando a ausência da estátua na longa lista de itens trazidos de volta. "Há uma lista extremamente precisa dos objetos adquiridos, incluindo a data, local e valor", disse à Spiegel.
Buchner diz que ele não tinha nenhuma razão para duvidar da história do proprietário anterior, e sublinha que a sua equipe estava apenas olhando para o material esculpido - uma forma rara de ferro com alto teor de níquel - não para a sua origem.
Os pesquisadores foram capazes de dizer que o material provavelmente veio do meteorito Chinga, que caiu na Terra há 15.000 anos, mas admitiram que "os detalhes etnológicos e históricos da arte ... assim como o tempo da escultura, atualmente permanecem especulativos".
Tradução: Carlos de Castro
Fonte: Spiegel Online