Pseudo-escorpião do Cerrado mineiro vira documentário da BBC
Falso escorpião encontrado em Uberlândia tem entre três e cinco milímetros pertence à mesma família dos aracnídeos. (Foto: Reprodução/TV Integração)
Um falso escorpião descoberto por estudantes da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) virou tema de documentário de uma televisão. Três produtores da BBC de Londres passaram 15 dias em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, acompanhando a rotina dos pseudo-escorpiões. O documentário em alta definição será exibido em 2014.
O falso escorpião, que tem entre três e cinco milímetros pertence à mesma família dos aracnídeos, que engloba aranhas, escorpiões e carrapatos. Ele foi encontrado entre uma casca e o tronco de uma árvore do Cerrado, por acaso, há 12 anos.
“Um dos meus alunos, Everton Tizo Pedroso, há 12 anos bateu à minha porta com uma casca de árvore com um pseudo-escorpião dentro. E a partir fizemos os trabalhos iniciais de história natural, de biologia do comportamento e fomos descobrindo as características sociais e comportamentais do animal que chamou a atenção das revistas internacionais pelas publicações que produzimos, sempre com os alunos envolvidos nos trabalhos”, contou o professor da UFU, Kléber Del Claro.
O aracnídeo também tem pinças de onde sai o ferrão para matar a presa, mas é chamado de falso escorpião porque não tem a característica principal do invertebrado: a cauda alongada, terminada com o ferrão.
E um comportamento raro no cuidado com os filhotes chamou a atenção dos pesquisadores ingleses: a mãe se sacrifica para garantir o alimento da prole. Um fenômeno conhecido como matrifagia.
“Nós conseguimos através deste estudo demonstrar que nos pseudo-escorpiões o comportamento e o cuidado maternal extremo com a prole culmina na matrifagia - um dos passos fundamentais para a evolução da sociedade humana”, explicou Kléber.
Uma curiosidade é a de que ele não pica as pessoas, ele se alimenta, por exemplo, de insetos. Eles caçam em grupo e as presas, normalmente besouros e formigas, podem ter até 50 vezes o tamanho dos animais. Para o professor, a pesquisa sobre os pequenos animais pode ajudar na preservação do Cerrado.
“Nós temos que olhar para o Cerrado, hoje, como o último manancial desta havana tropical extremamente diversa no planeta, onde nos animais nós vamos descobrir uma infinidade de comportamentos, uma infinidade de aspectos biológicos, que a gente ainda não conhece. Há espécies totalmente desconhecidas da ciência e tanto nos animais quanto nas plantas a gente fica imaginando a diversidade de bioquímicos que ainda existe”, concluiu o professor.
Fonte: G1