“Você talvez não tenha sentido, mas o mundo todo tremeu no dia 11 de Abril”.
Assim começava uma matéria publicada na semana passada, pela revista NewScientist, que fazia referência ao três grandes terremotos de grande intensidade que ocorreram no dia 11 de Abril deste ano, no México (7.0) e próximo a ilha de Sumatra (8.6 e 8.2) – ambos medidos em graus na escala Richter. A costa mexicana está situada numa região onde ocorre o encontro de placas tectônicas, sendo constantes os terremotos registrados nessas áreas, mas o que mais intrigaram os geologistas e sismólogos, é que terremotos dessa magnitude dificilmente ocorreriam fora da área de encontro das placas, como os dois ocorridos há mais de 100 quilômetros ao norte da ilha de Sumatra, na Indonésia.
Após cinco meses de estudos sobre esses terremotos gêmeos, ocorridos próximos à ilha de Sumatra, Matthias Delescluse, da Escola Norma Superior, de Paris e seus colegas, concluíram que existem fortes evidências de que a placa tectônica dessa região esteja se rompendo, dividindo-se em duas, formando uma nova placa. Foram analisados os terremotos nessa área desde Dezembro de 2004 e descobriram uma frequência 10 vezes superior, em relação ao período anterior, que foi também de oito anos.
Talvez esses estudos possam ajudar a responder uma pergunta que todo montes-clarense gostaria de ver respondida, sobre os terremotos que vêm abalando a principal cidade do Norte de Minas. Poderia existir alguma relação entre os terremotos sofridos em Montes Claros, com os terremotos ocorridos próximos à ilha de Sumatra? Talvez não tenha uma relação direta, mas de acordo com geofísico Fred Pollitz, que teve suas pesquisas publicadas na revista Nature.com, após os terremotos na região da Sumatra, um número de outros terremotos superiores a 5.5 graus na escala Richter, foram sentidos com uma frequência 5 vezes superior durantes os seis dias seguintes. Algo nunca observado antes pela ciência.
Se pensarmos no mundo como uma única casa, qualquer abalo nas estruturas dessa casa, poderia ter consequências em outras partes da casa. Facilmente podemos entender que poderia sim haver algum tipo de relação. Mas então porque vem sendo sentido com maior intensidade na região do Norte de Minas? Essa talvez seja a pergunta mais difícil de responder. Talvez não haja uma causa aparente, mas talvez pode ser que sim. Ainda falta-nos aguardar os resultados “tardios” das análises dos tremores, pelos órgãos que vêm tratando desse tema na cidade. Enquanto isso, temos que nos contentar com as hipóteses que vão sendo levantadas pelos próprios muralistas, tais como uma possível falha geológica, uma possível super exploração dos recursos hídricos, uma relação direta com os grandes terremotos da Indonésia ou, quem sabe, não seria uma mistura de tudo isso?
Montesclareou
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Agradecimento especial: Ana Paula Durães