Novo mapa da Terra, gravitacionalmente falando

Novo mapa da Terra, gravitacionalmente falando

Os resultados abrem caminho para novos entendimentos da dinâmica e da composição das camadas internas da Terra ou, eventualmente, até mesmo para uma reinterpretação da força da gravidade. [Imagem: ESA/HPF/DLR]

Geóide

A Agência Espacial Europeia divulgou hoje os primeiros resultados consolidados da sonda espacial GOCE (Gravity field and steady-state Ocean Circulation Explorer).

O mapa é o que os cientistas chamam de geóide, o formato de um oceano global imaginário ditado somente pela gravidade, na ausência de marés, correntes e quaisquer outras variações.

O formato de batata do geóide resulta da equalização da superfície do planeta para que todos os pontos tenham exatamente a mesma gravidade.

A gravidade é mais forte nas áreas que aparecem pintadas de amarelo no globo, e diminui até chegar às áreas azuis, onde a gravidade é mais fraca.

Circulação oceânica

Seria muito difícil minimizar os impactos das descobertas que advirão do estudo deste mapa gravitacional da Terra.

A área que talvez sofra o impacto mais imediato será aquela que estuda a circulação oceânica, que agora terá que levar em conta diferenças na gravidade - a água está sujeita a variações na gravidade que a retém na superfície de acordo com sua posição no globo.

Há que se considerar que, para que fosse possível uma visualização das variações na gravidade nas dimensões de um globo tão reduzido, os resultados reais obtidos pela GOCE foram amplificados em 10.000 vezes.

Por que a gravidade varia?

A explicação mais aceita atualmente para as variações da gravidade está na variação das camadas internas da Terra, desde o solo onde pisamos até o seu núcleo.

Há grandes diferenças de consistência e densidade entre os tipos de rochas, além da presença de depósitos minerais e águas subterrâneas. Contudo, essas explicações referem-se a uma porção muito pequena, estritamente superficial, da Terra.

Isso abre caminho para novos entendimentos da dinâmica e da composição das camadas internas da Terra ou, eventualmente, até mesmo para uma reinterpretação da força da gravidade.

Mais por vir

A sonda GOCE ainda não esgotou seu combustível, o que fez a ESA estender a fase científica da missão.

Isso significa que novos dados continuarão sendo coletados até 2012.

Mas apenas os dados já disponíveis levarão anos para serem inteiramente processados - alguns cálculos envolvem a solução de equações com até 100 variáveis.

Ou seja, o geóide agora apresentado continuará a ser refinado por anos, sendo seguidamente redesenhado com uma resolução cada vez maior.

Fonte: Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/04/2011